- Eterno Sono


Um eterno sono pesa em meu corpo agora, quero ir embora,
quero o paraíso das eternas águas que choram e rolam afora,
longe de um despertar doloroso, pesadelo, não quero e espero
o sono eterno que alivie essas dores que eu renego, não quero.

Dormir, sem mais esperar nada além de mim e pôr um fim.
Deitar-se sem mais levantar-se, em frias e mansas águas afundar,
quem sabe em um límpido rio que lave o que morreu em mim.
Pesado sono que não debato mais, quero mesmo é naufragar.

Eu quero assim, eu adormeço, eu esqueço, eu desapareço.
Melhor assim, enfim retormo e retomo o nada que há em mim,
em um sono profundo, tão distante do mundo, eu quero assim,
estar distante de tudo, dar ao mundo enfim a distância de mim.

Abençoado sono, adormecer vagabundo, fuga sem preço
do pesado fardo pago por uma vida, ou, por outras vidas,
tão vazias quanto a minha, fujo do sujo, deito e adormeço
sobre as pedras de um rio, sem retôrno e sem recomeço...

Nenhum comentário:

Postar um comentário