Se o vôo da borboleta insiste
no pouso de flores primaveris
porquê ainda essa dor insiste
no mesmo outono que nunca quis?
Se a côr dessa flor insiste
em atrair à bela borboleta
porquê ainda dói meu coração
insitindo no inverno que se foi?
Se até o inverno passou calado,
esperando uma flor que se abriu,
porquê ainda insiste a meu lado,
a dor dum outono que não partiu?
A borboleta se foi fugindo do frio
e o outono se rendeu ao inverno
porquê inda queima em meu peito
o verão que se foi e ninguém viu?
Quisera ser como essa borboleta
que voa livre sem ter um porquê
parece bailar ao som de opereta
de efêmero ato buscando um buquê
Quisera eu ser essa primavera
à doar essas flores à borboleta
oferecer essas pétalas ao repouso
de seu cansaço, passado o outono
Quantos invernos terão que esperar
a dor de um outono que não acabou?
esperando a primavera apenas pousar
igual borboleta que o casulo deixou
Quantas estações em branco inda passar
para eu poder esquecer tudo que se foi
só uma esperança esperando uma estação
que poderá alforriar-me de mim, enfim
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